sexta-feira, 5 de agosto de 2016

ARTE... POR QUE EU, POR QUE ELA?




Na interminável busca de entender quais os motivos de ser e estar nessa vida, uma das coisas que mais me pergunto, desde sempre é: Por que a arte?

E mais... Por que fazer isso? Por que gosto de tudo isso? E de tudo isso que eu (fiz) faço, o que é de fato arte?

Depois que ascendi ao chamado "ensino superior", comecei a tentar racionalizar meus impulsos criativos e explicá-los através das palavras de algum teórico conhecido, numa sensação muito comum a todos que se sentem artistas, aquela que parece nos colocar como réus, devedores de uma explicação profunda, conceitual e incontestável para justificar fazer arte, afinal pra muita gente (especialmente a nos, os tupiniquins) ser artista significa trabalhar de graça, passar fome, fumar maconha e abdicar da gloriosa respeitabilidade (endeusamento...) que outras profissões têm (sim arte, também é profissão), em resumo, se condenar à infâmia por toda vida, logo, não dá para parecer mentalmente saudável fazendo tamanha loucura sem uma baita justificativa.


O meu grande problema com as justificativas se deu quando comecei a balizar minhas criações por essa tentativa de me justificar para o mundo, mas meus desenhos não são um pedido de desculpas, até por que não tenha nada do que me desculpar. Não bastasse a sanha de amedrontar que toda  família tem, comecei a perceber pessoas do meio acadêmico, que supostamente teriam conhecimentos profundos sobre arte, a perpetrar uma inquisição sutil com quem se vê como artista mas não implora perdão por isso, pois em muitos circuitos de arte não basta fazer arte para ser artista, é preciso ter uma coleção de titulações (PhD em complexificação tautológica com ênfase em prolixidade subjetiva) para poder estratificar, classificar e dividir tudo e todos a sua volta.


Longe de generalizações, o fato é que os narcisos universitários nos mostram que seu maior poder não é o da criação artística (intelectualmente integradora), mas de construir retóricas esmeradas, a fim de convencer os academicamente "inferiores" de que estes só serão artistas (que na maioria dos casos de fato já são...) quando convencerem algum semi-deus acadêmico, pois só assim os super-diplomados poderiam dizer ao mundo o que é ou não arte, quem é ou não artista, o pobre público (que se f*d@!) não pode ser estimulado a pensar criticamente, isso seria cansativo... E socialmente perigoso.


Talvez só agora com uma nesga de maturidade eu possa entender que não preciso mais me encaixar nesse ou naquele discurso, ser plenamente compreendido por todos (infelizmente há idiotas incorrigíveis, não importa quão didático você seja), no fim das contas o que eu julgava errado pode ser o que tenho de melhor, gostar de velharias decorativas, grafismos ingênuos, inclusive acreditar que delicadezas sutis podem ser uma forma de comunicação revolucionária.

Cada dia mais acredito que a vida é um amontoado de coisas bobas, ingênuas e banais (assim como eu) mas nem por isso menos importante e bela, talvez como uma renda antiga feita à mão, seja ela de fios de ouro ou de algodão o que dá a beleza é a trama.



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