domingo, 9 de agosto de 2015

MOSTRAR PARA NÃO PERDER - PARTE 2

 Eu nem ia postar isso hoje, mas não resisti, olhar estas imagens me fez lembrar dos dias quentes, estranhos e empolgantes em que fiz estas fotos, era setembro pouco antes do meu aniversário, e aquela seria minha derradeira viagem de trabalho junto ao IPHAN, com a Amélia e o Francisco, visitaríamos as ruínas incríveis da grande catedral inacabada, depois documentaríamos o lastimável estado do palácio dos Capitães Generais, este que nunca fora tão "palaciano" assim. 
 Nos hospedamos no hotel Bela Vila, às margens da rodovia que corta a cidade, um hotel barato, e com baratas, ao menos todas que vi estavam mortas, num pátio pouco acessível, onde uma funcionária cuidava dos sacos de lixo. Do espartano hotel às majestosas ruínas da igreja matriz o sol avermelhado pela fumaça das queimadas dava um ar dramático à aquela paisagem, tão avermelhada quanto abandonada, pois o chão (calçado ou não) estava quase sempre coberto pela poeira vermelha da terra ferruginosa, num acúmulo inclusive sobre algumas paredes, como se todos tivessem desistido de varrer aquela poeira grossa que vinha com o vento quente, e não davam trégua. 
 A 6ª e a 12ª fotos foram tiradas no cemitério da cidade, que encontramos tão abandonado quanto resto, numa composição curiosamente bela, árvores floridas anunciando a primavera, lápides toscas que se confundiam com a ruína do antigo complexo militar que ali existiu, talvez mostrando como o abandono cercou a história daquela cidade, do nascimento até a morte. Fundada como a primeira capital da província nos idos de 1700, foi abandonada pelos  habitantes ilustres quando o ouro da região escasseou, ficando os negros fugidos ou libertos como o maior contingente da população, todos miseráveis e à própria sorte, tendo a cidade como uma gigantesca migalha deixada por seus senhores fujões. 















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